quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O tempo não para?


Lembro de várias pessoas que conheci ao longo da vida, embora algumas eu gostaria de nunca ter conhecido. Outras, gostaria de revê-las toda vez que possível, e há mais uma categoria que são as que vemos durante muito tempo.

Sempre me questionei o que determina que uma pessoa se torne efêmera ou permanente em minha vida, pois não há nada externo que me indique quanto tempo ela vai ficar ou se logo irá embora. Há algumas que permanecem anos a fio ao nosso lado e, de repente, somem, mudam-se, desaparecem ou morrem.

Então, ao encontrar alguém, preste muita atenção em que categoria ela se encaixa, como efêmera ou permanente. As permanentes não precisam ser vistas todos os dias, mas ciclicamente elas surgem, e nos acompanham durante muitos anos, mesmo que haja lapsos nesse tempo. As efêmeras, não. Essas podem ser falsas permanentes, que fazem juras de ficar e, de uma hora para outra, esvanecem, como pó de estrelas.

Algumas nunca esquecemos, mesmo que nunca mais vejamos. Outras, nem queremos ver pela frente, e se surgirem na rua, atravessamos para o outro lado. Por quê? Eu sou uma pessoa que não faz inimigos, mas já houve situações em que me vi guerreando por causa disto ou daquilo e, por fim, tive de perder ou acabei por ganhar a questão. Aquela pessoa realmente não valia a pena e eu acabei provando meu ponto. Ainda bem que isso é raro.

O que é o tempo para uma amizade? Uma linha contínua e ininterrupta que se estende de um infinito a outro, de um lado a outro do universo, e onde quer que vá, continuamos ligados a um amigo como se ele nunca se desprendesse de nós. Não precisamos vê-lo, não precisamos estar com ele, porque está sempre conosco em nosso pensamento. Então o pensamento é um belo modo de parar o tempo.

E, no entanto, nem sempre dedicamos mais tempo ao nosso amigo. Gastamos mais com coisas desagradáveis, e pessoas idem, do que passamos com nossos amigos. Isso não é justo, pois só o amigo é capaz de fazer o tempo parar.

Kahlil Gibran ao escrever sobre a Amizade em "O Profeta", avisa-nos de várias qualidades e cuidados que precisamos ter com o amigo: é preciso estar com ele com horas para viver, e não para matar o tempo.

Por vezes, ao conversar com uma pessoa, sei que nunca mais a verei, que a conversa que entabulamos naquele momento será única, e não terei outra chance para revê-la e dizer a ela o que tenho vontade de dizer. Então, por alguma razão mágica, vivo aquele momento como se fosse o último, porque sei que é, e que jamais se repetirá, como não se repetem os momentos, nem que sejam vividos todos os dias. Mas, para isso, é preciso estar atento ao passar do tempo.

Aqueles momentos em que se têm a sensação de serem irrepetíveis servem para que nos lembremos que tudo acontece uma única vez, que se desdobra em mil outras iguais, também irrepetíveis.

O tempo é o senhor do fim e do recomeço. Ele determina quando algo começa ou acaba. Se nos aliarmos ao seu compasso, estaremos prontos para começar e terminar junto com ele, sem deixar que nos pegue na contramão.

Toda vez que conheço alguém novo, me pergunto: "Quanto tempo esta pessoa vai ficar em minha vida?" Talvez apenas algums minutos, talvez a vida inteira. Eu nunca sei. Só vou saber quando, lá na frente, eu tornar a reeecontrá-la e descobrir que ela é um bem permanente em minha vida.

Rio de Janeiro, 17 de janeiro de 2013 - 18h20






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